Por Augusto Pio (UAI) – Em um procedimento simples, o transplante é a solução para quem tem áreas com falha ou cicatrizes ou mesmo ausência de pelos no rosto. A novidade é a oportunidade de ter aquela barba perfeita.
Sem dúvida, a barba é um atributo estético que marca a identidade. Assim, pessoas que têm cicatrizes ou mesmo falhas e se sentem incomodadas com isso podem optar pelo transplante de barba. O procedimento cirúrgico é bem simples e realizado sob anestesia local, podendo durar entre duas e cinco horas. É indolor, como é o período de recuperação, o que pode levar cerca de quatro dias. Para esse procedimento, os objetivos podem variar entre um enchimento, uma cobertura fina de uma área limitada ou até o pleno restabelecimento de um cavanhaque ou mesmo uma barba espessa. Uma vez transplantados, os pelos são permanentes, crescem com textura semelhante e podem ser raspados, cortados e estilizados, tal como seria, naturalmente, com o cabelo facial.
O cirurgião plástico Carlos Eduardo Leão, um dos pioneiros do transplante no mundo, esclarece que a técnica é recomendada tanto para os pacientes imberbes (sem barba) como aqueles com barba falhada ou cicatrizes na face em áreas da barba ou decorrentes de lábio leporino. “Nesse caso, o estigma dessa cicatriz pode ser totalmente camuflado. O paciente passa a ter inúmeras opções em seu visual. Pode valer-se da barba por fazer, cheia, apenas a costeleta mais longa, cavanhaque, cavanhaque e bigode, apenas bigode, enfim, um sem-número de opções. Astros do showbiz, como Brad Pitt, George Clooney, David Beckham, Bruno Gagliasso, Cauã Reymond, Caio Castro e tantos outros, influenciam os jovens com suas barbas em variados estilos a realizar o sonho de um novo visual”, acredita.
Membro titular da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e da Academia Mineira de Medicina, além de presidente da Associação Brasileira de Restauração Capilar para o próximo biênio 2019/20, Carlos Eduardo crê que o modismo não é e nunca será indicação de qualquer cirurgia, mesmo as de cunho eminentemente estético. “Porém, o desejo de ter barba ou de corrigir suas falhas é legítimo e, dada a extraordinária evolução técnica da restauração capilar nos mais diversos segmentos corporais, passou a ser um procedimento cirúrgico em ascensão na especialidade. Em recentes estudos da Universidade de Southern Queensland, na Austrália, 55% dos homens do planeta usam barba, bigode ou ambos e essas áreas cobertas ficam um terço menos expostas à radiação solar. A área doadora também é a mesma utilizada para tratar a calvície. Utilizam-se os cabelos localizados numa região específica da nuca e das laterais do couro cabeludo logo acima das orelhas.”
Carlos Eduardo explica que o transplante de barba é feito, normalmente, com anestesia local, associada a uma sedação ministrada por um anestesista. “Deve ser feito em hospital ou clínicas bem aparelhados. É um procedimento cirúrgico minucioso, muito técnico, de muito detalhe. É uma cirurgia para profissionais tarimbados e experientes. Não é um procedimento para os que se iniciam em transplantes capilares. Gasta-se uma manhã inteira para que seja realizado, mas o paciente pode sair de alta do hospital no mesmo dia. Não tem curativos. Mais de 90% dos pacientes não se queixam de dores, nem na área doadora, nem na receptora. No dia seguinte, pode-se tomar banho, lavar o rosto normalmente e ser liberado para o trabalho.”
O médico ressalta que os exercícios físicos estão permitidos após 10 dias. “Por 30 dias deve-se evitar a exposição ao sol e sauna. Barbear-se está permitido após dois meses do ato cirúrgico. A presença de inchaço no rosto e equimose (pele arroxeada) está presente em 20% dos casos. Se presentes, melhoram entre 48 a 72 horas após a cirurgia. A técnica utilizada é a mesma do transplante capilar para tratamento da calvície. Na barba utilizam-se apenas unidades foliculares (UFs) com um a dois fios de cabelo. Os fios devem ser longos (mais de 1cm), pois facilitam a observância da correta direção e angulação dos cabelos durante a enxertia, fundamentais para um resultado natural. A colocação dos enxertos de cabelo, fio a fio, pode ser feita com o bisturi Leão, inventado por mim e utilizado pela maioria dos cirurgiões de restauração capilar do Brasil e no exterior e também com ‘implanters’, que são instrumentos igualmente utilizados para o mesmo fim.”
Os pacientes que atingiram a maioridade representam a maioria dos candidatos. “A mudança que o transplante de barba promove no paciente imberbe deve ser muito bem discutida com ele. Muito embora ao se barbear o paciente retorne à sua aparência física de antes, a barba passa a fazer parte de sua nova vida, podendo influenciar indelevelmente em sua personalidade. Pacientes muito jovens devem ser observados com cautela por parte do cirurgião e mais de uma entrevista pode se fazer necessária para a correta decisão pela cirurgia, se possível compartilhada com pais e responsáveis. Outra coisa muito importante a ser observada diz respeito aos pacientes com tendência familiar à calvície. Eles devem ser alertados sobre a necessidade de área doadora para tratá-la. A cirurgia da barba, que utiliza a mesma região doadora, certamente diminuirá a chance de mais etapas cirúrgicas para um ou outro problema.”
Lucas Pereira Magalhães, de 33 anos, morador da cidade de Araçuaí, Região do do Médio Jequitinhonha, Nordeste do estado, conta que se submeteu ao transplante de barba há cerca de 10 meses e garante que está muito satisfeito com o resultado. “Fiz por uma questão de estética mesmo. Minha barba tinha falhas e hoje é toda preenchida, serrada, vamos assim dizer. O resultado foi excelente. Cheguei ao hospital às 5h e saí lá pelas 18h, já com a barba toda recomposta. Não senti dor e recomendo para aquelas pessoas que não se sentem bem com algum tipo de falha ou escassez de barba.”
O caso de Lucas deverá ser exposto por Carlos Eduardo em algum congresso internacional, pois os pelos transplantados não chegaram a cair, o que seria absolutamente normal. “O meu caso foi muito bem-sucedido, não tive nenhum tipo de problema. Recomendo às pessoas que façam o transplante, porque hoje existem vários produtos à venda no mercado, mas que de nada adiantam. O melhor é procurar um cirurgião plástico que seja especialista nesse tipo de procedimento”, aconselha. Ele conta que já aparou a barba várias vezes, sem qualquer problema. “É interessante saber que a barba transplantada é permanente, não há necessidade de passar novamente pelo procedimento. A pessoa pode cortar, modelar, fazer o que bem quiser, pois os pelos crescem normalmente, sem nenhum problema”, garante.
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